quarta-feira, 7 de abril de 2010

Esquecidos...

Os pés se mexiam esperando algo no meio da noite.
Pra lá e pra cá.
As vezes só pra lá.
Esperam o sono decerto.
Ou esperam apenas serem vistos, afinal eles fazem sempre o trabalho sujo e não são muito notados nem ovacionados como as mãos, "aquelas frescas que vivem se lavando antes de fazer alguma coisa que se julga importante".
Andar é que é fundamental.
Há revolta no coração dos pés.

Hora do descenso...

Essas horas que meu quisto cebáceo cresce pelas picadinhas de uma pulga sarnenta atrás de minhas orelhas.
Porque a tarde nublada não pode ser inspiradora?
Afinal as Cumulonimbus também são belas, bem como suas irmãs: Nimbostratus, Stratocumulus, entre outras ninfetas que visitam ou habitam nossos céus.

Inquietude...

Um calafrio me percorreu esta noite.
O corpo todo tremia.
Algo parecia errado.
Meus sonhos se agitaram.
E de sonhos foram a pesadelos.
Quando me dei por conta,
puxei o cobertô!

Scar faces Scar

O amor não é uma panacéia.
Não o é.
A cicatriz é necessária.
Faz a pele engrossar e mudar de cor!

Tongue

deixe-me concentrar
parafraseando:
concentrar-me a concentrar!
sentar e centrar minhas forças
para consertar o que me concerne
e no cerne desvendar, vender meu peixe, me aquietar

Parábolas Socrásticas

acabaram os alcassuzes
estou com dor de cabeça
não quero brincar de forca
não quero nem mesmo um abraço agora
pelo menos agora não
sou um mímico mudo
dá no mesmo...
acho que está na hora de minha cicuta diária!

Essa Vida de Cidade Grande

Essa vida de cidade grande.
Essa vida de pessoas pequenas.
Essa vida de barulho, ópera, museu.
Essa vida de enxofre, cimento e rodas.
Essa vida noturna, diurna, insone.
Essa vida teatral, cinemática, televisiva.
Essa vida laboriosa, populosa, curiosa.
Essa vida de islão, cristão, exu.
Essa vida debaixo da terra e viadutos.
Essa vida de circo no farol e prefeitura.
Essa vida de progresso e evolução.
Essa vida de acesso à informação.
Essa vida de voto eletrônico e pé no chão.
Essa vida de moda, vitrine e comunicação.
Essa vida de saúde, transportes e educação.
Essa vida.
Humpf! Essa vida é a que eu escolhi.

Medo

Tenho muitos medos.
Mas meu maior medo é de ter novos medos.
E me tornar medroso, fraco, acuado.
Quero enfrentar a vida, desafiá-la, amá-la.
Abrir os braços e deixar que o vento me leve.
Esperar pra ver onde vai dar.
Arriscar-me.
Fazer a diferença.
Destoar dessa maioria.

Fim de semana

Quero ler um bom livro.
Distrair-me com um bom filme.
Ouvir uma boa música.
Confortar-me de sua companhia.
Até que chegue a hora.
Preparar-me para o que há de vir.
As perdas.
O ciclo é esse.
Perder a referência. Tornar-se a referência. E assim vai.

Highlander

Seria a morte a única via para a eternidade?
Ser eterno.
Durar o quanto for.
Até tornar-se inútil, ultrapassado, velho, carcomido.
Envelhecer por dentro é pior do que por fora.
A mente deve estar preparada.

Brisa de Moleque

Sinto a vida passar rápido, soprar calidamente em minha face.
Fecho meus olhos, sinto o mundo à minha volta.
Apenas o percebo pelos sentidos menos favorecidos.
Os dias têm sido breves.
As manhãs inspiradoras.
As tardes confortantes como colo de mãe.
As noites quentes, nos braços teus.

Não há o que reclamar, só o que clamar.
Clamar pela eternidade.
Escutar essa música incessantemente.
Por todo o sempre.
Repeti-la quantas vezes necessário.
Até que seja engolida pelo fim dos tempos.
Lá onde a eternidade é breve.
Onde o Nada impera. É absoluto.
Vazio.

M.O.P.H.O.N.E

Como eu aprecio a mulher.
Principalmente quando perde o pudor e se deixa levar pela situação.
E entre suores, carícias e suspiros, perde a compostura e se torna o que realmente é.
Mulher.
O melhor ainda está por vir:
Pode ser mordendo os lábios, contraindo os dedos dos pés, me prendendo a suas coxas como se fosse me quebrar em dois.

Sensual e enigmática!
Após o êxtase volta a ser o que não é.
Veste-se, põe o salto-alto e começa a se lembrar de questões feministas.
Sente-se exposta e fecha-se, pelo menos até o próximo “deslize”.

Como eu aprecio a mulher!

Wine at House

Tenho a minha vida para desperdiçar
As minhas escolhas para fazer
E antes de fechar os olhos
Serei eu quem saberá
O verdadeiro gosto da vida
O quanto foi importante para mim
As lágrimas serão minhas
De ninguém mais
Deixem-me drogar
Deixem-me usar
Deixem-me abusar
Deixem-me plagiar
Deixem-me clichear
Deixem-me morrer comigo mesmo

Mesquinharias à parte...

Onde está meu trombone
Quero entoar um maremoto
Grave, avarento
Quero a minha vida de volta
Aquela mesmo
A de antes
A inocente, indecente
Ouvi dizer uma vez que o saber é diretamente proporcional à tristeza do indivíduo
Não sou sábio,
Feliz,
Talvez menos até.
Sou grave
Sou avarento.

Mar em Fúria

Esses olhos azuis oceano
Quero me afogar neles
Mergulhar fundo nessa imensa emoção
Desbravar as profundezas de seu coração
E encontrar, como no mar, sua essência
Essência avassaladora, impactante
Sua beleza forte de traços e personalidade
Milhões de marinheiros se perdem em ti
Para depararem-se à grande recompensa
Sereia de meus sonhos
Encante-me com seus cantos
Paralise-me com seu pranto
Leva-me ao êxtase
Beija-me como ontem, mas eternamente.
Suplico-te
Beija-me
Torne-me Seu
Tira-me o oxigênio, a consciência
Apenas me olha, me acolha
Quero me afogar em você
Meus olhos azuis oceano

Vesgolinos

Meus olhos caleidoscópicos,
Prismas agitados que são,
Excitados pelos bósons,
Inquietos sob a sua presença,
Estão cada vez mais profundos e cansados,
Tentando alcançar o cérebro para fazê-lo enxergar melhor,
Mas a teimosia persiste sem motivos aparentes,
É sabido que os olhos são as janelas das almas.
Mas para um corpo sem alma, de que serviriam os olhos?
O espelho da razão,
O desejo da existência: ser notada.
Ao passo que os olhos não vêem (veem) a existência sucumbe.
Sartre deveras está a "bater-cabeça" em seu luxuoso caixão.

Tralarilalá

E me dominou aquela velha sensação
Fraqueza eu não diria
Mas a minha querida amiga insegurança
O velho medo de viver, ou de morrer
Aqueles mesmos anseios de sempre
Comovem-me
Corroem-me
Destroem minhas entranhas
Sensações estranhas percorrem o corpo
Nesse torpor vivencio o opiáceo, o bode
Do rosto escoam as emoções
Que de bem-vindas não têm nada
Mas fazer o quê
Vieram os pensamentos
Deles partiram idéias
Entrelaçaram-se no ics
Buscaram seu respectivo recalque
E por aí vai...

Multiface

Se há pessoas que ficam em nossas vidas, quero que você seja a que fique por mais tempo, para que eu possa todo dia, conhecer mais um pouquinho de sua beleza, personalidade, amizade, e desfrutar, talvez pela eternidade, de sua companhia e carinho, que são tão importantes para mim.

Ah...

Ah, essas noites de frio.
São nessas noites de frio que o seu calor tem feito uma falta.
São nessas noites de frio que o nosso amor tem sido peralta.
São nessas noites de frio que a minha alma toca à sua.
São nessas noites de frio que a melhor visão é você, nua.
São nessas noites que sinto um desejo ardente no corpo.
São nessas noites que fico te olhando dormir pelo menos mais um pouco.
São nessas noites queridas e amadas que nossa história começa.
São nessas noites sortidas e afáveis que minha vida é convexa.
Ah, essas noites de frio só são quentes com você!

Deixou de ser...

O Homem deixou de ser O Homem
Passou a ser A Humanidade
O Homem deixou de ser O Homem
Passou a ser O Trabalho
O Homem deixou de ser o que é
Passou a ser O Todo
Generalizou-se, globalizou-se, infiltrou-se em todos os níveis
O Homem deixou de ser ele mesmo, por si só
Passou a ser sua família, sua comunidade, sua empresa, seu país, sua cultura e etnia
O Homem se cansou de ser O Homem
O Homem sempre se cansa de ser o que é, e nunca para
O Homem sempre será O Homem, mas nunca o mesmo homem

Martelero

Ele não passa de uma ferramenta nesse mundo
Ele deixou sua essência e sua liberdade para sujeitar-se a outrem
À vontade de outrem
Outrora foste destemido e predador
Agora é presa de sua própria espécie
Sua cultura apodreceu
Seu orgulho evanesceu
Seus princípios foram esquecidos
Sua liberdade, por escolha própria, suprimida
Ele não passa de uma ferramenta nesse mundo
Simplesmente desparafusa e fresa coisas. Lapida-as
Uma fera enjaulada e acomodada em sua medíocre vida
Sente-se inserido no mundo por suas funções
Exalta-se por conquistas de organizações das quais faz parte, não as suas
O mundo está apodrecendo e leva junto consigo esta orda de medíocres

the man who had a watch

Ele nasceu com o relógio da morte no pulso, cravado.
Um conta-giros da vida, decrescente, digital, amarelo.
A data, somente Ele sabia,
A via apenas sob os Seus olhos, naqueles óculos carnavalescos..
Cogitou a vida inteira em tapear o grim, o lúcio, o vamp,
Sua alma, predestinada, controlada.
Motivações, perdera,
Aspirações, não tinha,
Perspectivas, os números em mutação contínua do visorsinho folgado.
A solução, jogar fora.
Conclusão: o maneta mais feliz do mundo.

Zi...

Neste ínterim infindável,
Nesta caminhada longa e desesperadora,
Os músculos já começam a queimar,
As lágrimas a escorregar.
Eu, perdido neste labirinto de pedras,
Só espero ouvir mais uma vez a sua voz,
Mais uma vez o seu "oi, tudo bem amor?",
Quero dizer-lhe "te amo minha rainha",
Quero abraçá-la e pedir-lhe a mão,
Quero senti-la em meus braços até perder a noção
do tempo, das coisas, da razão
Nesta jornada, me acho em ti,
Equilibro-me em sua delicada voz,
Mais uma vez no seu "oi, tudo bem amor?"

Suicídio racional

Deixe sua vida acabar-se por si própria
Deixe o deus Cronos, imperador da 11ª dimensão, ser novamente absolutista e te tomar o sabor da sobremesa,
Deixe seus olhos se fecharem ao crepúsculo,
Deixe seus sentidos torporizados com a dormência da alma,
Deixe o seifeiro te roubar a respiração,
Deixe a velhice fazer de sua pele o sertão,
Deixe a esclerose levar seus entes queridos,
Deixe a vida te levar,
Apenas deixe acontecer, racionalmente, o suicídio consentido, conformado, consumado.

Extreme UH! Rgency

Yeah, i'm gonna dye!
But the question is: When, How and how do i live with this future ending?
Is the death a bad thing?
How is possible death to be a bad thing if when it happens i'm not here animore?