sábado, 4 de dezembro de 2010

Contradição

Seria a morte prazerosa?
Talvez livrar-se da oxidação constante em nossos pulmões seja um alívio.
A vida é linda, mas há um preço a se pagar: o preço da perda, da saudade dos que foram, e dos que estão por ir. Seus queridos que jamais estarão por aqui novamente, fazendo a história.
O homem é muito enigmático. Ora toma pela razão a única via, ora se espelha nos sentidos para dar sentido à vida.
Por isso ser hedonista é a solução.
Ser racional e curtir os prazeres do agora.
A espera pela minha partida nunca foi tão especial. A curiosidade pelo instante derradeiro. “A vida inteira passando pelos olhos”. Não é o que dizem?
Talvez não seja irracional a vontade pela partida, mas o contrário.
Talvez seja o ato mais racional já tomado por um ser humano. Buscar a verdade. A verdade por trás de toda esta história enfadonha e cruel. A verdade por trás desta dúvida insaciável e corrosiva.
O que é a vida realmente? Porque a importância que damos a ela? Só por acabar?
Então se fosse pela perda, deveríamos prezar um lápis tanto quanto a vida.
Ele tem seu propósito, mas enquanto cumprir seu ofício está fadado ao fim.
Assim como nós. Enquanto cumprirmos o nosso dever na vida – que é o de viver – estaremos fadados à morte. Porém se não cumprirmos nosso dever e adiantarmos o curso espontaneamente, escolheremos a morte.

Isto é maravilhoso: escolher a sua hora.
Somente os fortes têm essa coragem, esse peito, essa racionalidade, ou loucura, que seja.
O que é ser louco afinal?
Estar fora da realidade?
Mas o louco também vive, na realidade que escolheu para si.
A realidade é subjetiva, temporal, espacial.
A realidade de um louco tem uma vantagem: ela pode mudar de acordo com sua escolha.
A nossa é esta e devemos nos adaptar.
Adaptar-nos ao sistema, como dizem.
Deixar de sermos seres humanos e passarmos à robótica rotina do “acordar-trabalhar-voltar para casa-dormir”.
Até quando seremos escravos desse nosso sistema?

Talvez sejamos mais loucos do que os loucos.


A nossa moral nos tornou cegos e céticos quanto a novas realidades/sistemas de viver.
O artista é o menos louco de nós. Ele pelo menos expressa sua normalidade, também chamada de genialidade, em seus papéis, sons, imagens.
Devemos nós expressar a nossa realidade e anseios no que podemos então.
Esquece esse sistema que te escraviza.
Toma por verdade o seu mundo particular.

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